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be yourself most of the time. be someone else every now and then! drink lots of water but get drunk with good wine. be in love. be safe. do your home work on the day before! have a rest on sundays. be fair. eat the last cookie. enjoy sadness. BE MUSICAL!
" Por ano desaparecem 27 mil espécies, 74 por dia, três por hora...
15.03.2008, Maria João Lopes
Jane Memmott é professora de Ecologia em Bristol e lidera vários projectos de investigação em todo o mundo na área das espécies invasoras. Esteve no Museu da Ciência, em Coimbra, onde há uma exposição que alerta para o perigo da extinção das espécies
"Um escaravelho raro sentado sobre uma orquídea num vale remoto dos Andes poderá segregar uma substância que cura o cancro do pâncreas." A frase vai passando num ecrã pendurado numa das paredes do Museu da Ciência em Coimbra, onde, até Junho, se pode visitar a exposição A Diversidade da Vida, 300 Anos de Lineu. A proposição que soa tanto a hipótese científica como a enunciado poético pretende, tal como toda a exposição, sensibilizar para o perigo do desaparecimento de espécies em todo o mundo.Foi no contexto desta exposição que a professora de Ecologia da Universidade de Bristol, Reino Unido, Jane Memmott esteve no Museu da Ciência da Universidade de Coimbra (UC), para a conferência Problemas no Paraíso: espécies invasoras, sistemas complexos e biologia da conservação. Em miúdos: a biodiversidade está em risco e, muitas vezes, a culpa é nossa - umas de forma acidental, outras, consciente. Nesta longa história de mortes de plantas e de animais também acontecem acasos infelizes, como quando, pouco depois da Segunda Guerra Mundial, uma espécie de cobra da Austrália foi transportada acidentalmente num navio para a ilha de Guam. O resultado foi uma praga responsável pela extinção de vários pássaros. Já os restantes actos que sabemos terem consequências negativas para a biodiversidade não são novidade para ninguém: a caça, a poluição, a destruição de florestas. Novidade é o modelo matemático criado por Jane Memmott que permite representar graficamente a complexidade das redes e cadeias naturais que nos circundam e que envolvem os insectos, as plantas nativas ou invasoras, os pássaros, as sementes, os predadores e as vítimas. O que ela conseguiu foi passar estas intrincadas e frágeis teias para o computador, reduzindo-as a um esqueleto, a um gráfico de linhas e cores. A ferramenta permite efectuar previsões, comparações entre territórios e, por fim, testar hipóteses no terreno, o que pode trazer grandes avanços à investigação na área.Açores e Bristol Jane Memmott lidera vários grupos de investigação em diferentes pontos do mundo, na área da Ecologia e das espécies invasoras, entre outras. Um dos estudos em curso pretende perceber a forma como a dispersão de sementes é afectada por plantas invasoras nos Açores. Neste projecto, está a trabalhar Ruben Heleno, um doutorando português de 26 anos que divide o tempo entre aquele arquipélago e Bristol. Quando acabou o curso de Biologia em Coimbra, Ruben decidiu que queria seguir investigação. Um dia, sentou-se ao computador e começou a meter palavras no Google relacionadas com a sua área de estudo. Foi ter à página da Universidade de Bristol, depois a Jane Memmott, depois aos projectos de Jane Memmott e, quando dá por ele, já está a enviar um e-mail à professora e a obter uma resposta no próprio dia: ia para os Açores como doutorando orientado pela especialista de Bristol.Quem também anda naquele arquipélago são os investigadores da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, com quem Ruben Heleno acaba por trocar informações. Tudo por causa de um pássaro chamado priolo (na ilustração), uma ave raríssima que existe apenas em S. Miguel e que está em perigo. Serão cerca de 200 a 400 os casais que habitam em certas zonas montanhosas da ilha, florestas ameaçadas por pastagens e produção de madeira. O objectivo da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves é recuperar 300 hectares de floresta natural - 150 já estão - controlando a expansão das espécies exóticas e voltando a plantar espécies nativas. É preciso aumentar o habitat do priolo, limpando as zonas afectadas pela espécie invasora (criptoméria-do-japão). 74 mortes por diaDesde há 100 anos que a principal causa de extinção de espécies é a destruição de habitats pela mão humana, explica o director do Museu de Ciência, Paulo Gama Mota, acrescentando que a segunda é o aquecimento global.Apesar de esta ser a sexta maior fase de extinções desde o início do mundo - a "mãe de todas as extinções" aconteceu há mais de 250 milhões de anos -, ela deve-se, em grande medida, à nossa acção: às transformações do uso do solo, à poluição, às mudanças climáticas... De acordo com algumas previsões (em artigos da Nature e no livro A Criação - Um apelo para salvar a vida na terra, de E.O. Wilson, por exemplo), até 2050 poderão desaparecer 25 a 35 por cento das espécies.Exemplos de animais que já não existem em Portugal? O urso-pardo. Desapareceu por caça excessiva. O lobo-ibérico continua em perigo, graças à destruição de bosques, à caça furtiva, ao atropelamento e ao envenenamento (há apenas 200 em todo o país). Igualmente em perigo, em vários países da Europa, está o cágado-de-carapaça-estriada, por captura ilegal para fins comerciais, poluição da água, incêndios...Vinte e sete mil espécies desaparecem por ano, 74 por dia, três por hora... Na exposição do Museu da Ciência, há um vídeo que projecta mensagens sobre o que podemos fazer: andar a pé, usar transportes públicos, poupar água, reduzir a utilização de sacos plásticos, reciclar o lixo, evitar madeiras exóticas... Jane Memmott vai todos os dias de bicicleta para a faculdade. Diz que é "uma sortuda" por causa disso."
in Publico